Boicote mediático<br>às propostas do PCP
Os espaços de notícias na imprensa, por força de quem neles manda, seja conglomerados do capital, seja governos a seu mando, primam pela deturpação, discriminação e silenciamento de quem, como os comunistas, denuncia e combate as injustiças e apresenta propostas e soluções para o País.
Com vista às batalhas futuras que se aproximam, particularmente as eleições legislativas deste ano, o PCP realizou um Encontro Nacional com mais de 2000 participantes para discutir as necessárias soluções para o País e para os problemas nacionais. Se uma iniciativa desta dimensão, não só pelo número de participantes, mas pelas intervenções, combatividade e confiança na alternativa que ali se apresentou, fosse um teste à liberdade e independência dos órgãos de comunicação social, chumbariam rotundamente.
Partindo dos noticiários das 20 horas nos três canais generalistas do próprio dia vejamos: excertos inferiores (!) a um minuto da intervenção do Secretário-geral do Partido em dois canais; quem por azar seguiu o terceiro na noite de 28 de Fevereiro chegou ao fim de mais de uma hora e meia de noticiário sem dar pela realização deste Encontro. Nas rádios e nos jornais a linha foi idêntica, afunilando para duas ou três frases um encontro onde, em dezenas de intervenções, se tratou as principais questões do País.
Antes, durante e após o nosso Encontro as televisões, as rádios e os jornais tentaram esconder do País as soluções que temos a apresentar ao nosso povo para os grandes problemas nacionais. Podemos dizê-lo conscientes de que nenhuma outra força reuniu mais de 2000 pessoas para discutir o País. Se mais matéria não houvesse, só isto seria notícia. Mas houve: de Loures saiu a denúncia de uma política de destruição do País, mas também proposta e alternativa.
Num Partido como o nosso, em que o trabalho colectivo é regra, esta dimensão é apagada quando tantas vezes as iniciativas do Partido são tratadas como se de uma conferência de imprensa se tratassem. Na cobertura do Encontro não há vislumbre de imagens da sala ou de intervenções de outros participantes, em contraste gritante com o tratamento dado a um encontro sobre política territorial, realizado no mesmo dia pelo PS.
Tão grave como isso foi a ausência de referências às propostas discutidas, em clara contradição com o tratamento dado ao PS nos vários meios. Quem não esteve em Loures ou não leu o Avante! não viu, não leu, nem soube que o PCP tem propostas alternativas. Não foi informado de que existe um Partido com uma dimensão colectiva que constrói e dá corpo a uma outra política. E tal aconteceu porque aqueles que têm o dever de informar com verdade, mais uma vez, não o quiseram fazer.
O tratamento dado ao nosso Encontro pela RTP, particularmente responsável por garantir o pluralismo, foi objecto do programa «A voz do cidadão» de 21 de Março motivado por uma queixa de uma telespectadora ao provedor da televisão pública. À falta de quem assumisse as responsabilidades, a que se soma a recusa dos restantes partidos em reagir, coube a um professor universitário justificar as «opções editoriais» da estação. Tornou-se claro, se não caricato, o efeito que o silenciamento em causa teve, mesmo naquele porta-voz oficioso, justificando: «mais que o número de participantes, importa saber se corresponde aos grandes desígnios nacionais». Como não foi visto em Loures no nosso Encontro, só podemos assumir que o seguiu pela RTP e, portanto, não viu as questões dos serviços públicos, dos sectores estratégicos, da dívida, da segurança social, dos direitos dos trabalhadores, da produção nacional, enfim, «os grandes desígnios nacionais» a serem discutidos e debatidos: a serem avançadas soluções para o País.
Deste nosso Encontro saiu uma outra iniciativa que, tal como quase tudo o que lá se passou, não saiu para o espaço noticioso: a marcha da CDU de 6 de Junho, anunciada no encerramento dos trabalhos. A nossa marcha ainda não se realizou e já temos razões de queixa: do silêncio que cobre esta iniciativa única que, podemos arriscar, só uma força como a CDU será capaz de levar às ruas de Lisboa.